Tenho lido muitas opiniões sobre o reboliço em que os docentes se viram envolvidos nos últimos tempos. Considero importante que todos os docentes se afirmem peremptoriamente, repito, peremptoriamente, a favor de uma avaliação. Como em qualquer outra actividade, há bons e maus professores, profissionais e incompetentes, pelo que urge separar o trigo do joio a fim de voltar a credibilizar aos olhos da Sociedade esta mui nobre profissão e de garantir o merecido reconhecimento que em tempos granjeou.
Mas de que forma?
1.De forma a empreender uma segregação na classe, elevando ao topo da pirâmide alguns BONS professores, distinguindo-os de muitos outros igualmente BONS professores, só porque não há dinheiro para pagar a todos os BONS?
2.De forma a valorizar o preenchimento de uma cada vez mais exorbitante quantidade de papelada ambígua que estrangula o tempo necessário para se encontrar estratégias para aumentar a produtividade das aulas?
3.De forma a contribuir para que a fraude ultrapasse pela direita a verdadeira dedicação à causa?
4.De forma a vedar o acesso ao exercício a novos docentes que não consigam atingir um determinado resultado numa prova de acesso, depois das muitas provas no percurso académico? O que significa isto, uma avaliação por antecipação ou uma forma perversa de combater o desemprego na área? Ao que tudo indica, quem não conseguir atingir os mínimos nem professor se pode designar.
5.De forma baseada no parecer dos gestores das novas escolas autónomas? Mas é preciso cuidado porque a autonomia mora ao lado do livre arbítrio de quem tem o poder; como é que os gestores dos estabelecimentos verão a sua "imparcialidade" fiscalizada?
6.De forma a, assentando os seus pressupostos nos resultados dos alunos, contribuir para a gestação de "analfabetos" que irão um dia destes tomar conta do país nos seus mais diversos sectores? Não será preocupante cair-se numa lógica de facilitismo desmesurado só para se atingir elevadas taxas de encartados? A UE vai ficar contente com os números; algumas pessoas neste rectângulo à beira-mar desenhado radiantes; a maioria dos alunos indiferente porque sabem que não precisam de esforço para chegar à meta, chegam de qualquer forma; uma boa parte dos professores desalentada ao ver-se involutariamente atada de forma umbilical a esta realidade. Todas as medidas que retirem aos ombros dos alunos o peso da exigência são medidas com elevados custos a médio/longo prazo.
Não é isto que se pretende para a educação; esta constitui um bem público essencial pois é a base do sucesso de uma Sociedade que se preze e, como tal, demasiado sério para se utilizar como um brinquedo. Acima de tudo, impõe-se uma avaliação séria e justa para que a educação continue a ser uma causa à qual apareçam pessoas motivadas para se dedicar.

3 comentários:
Pois é, algo deve estar mal neste país, pois se a Ministra diz que não há falta de dinheiro no Min Edu, como é que se justifica todas as medidas economicitas que têm vindo a implementar? Já agora, se não há falta de dinheiro porque é que temos que dar aulas de chapeu aberto e porque é que ainda não temos o tal PC com a devida impressora em cada sala de aula?
Quermos ser avaliados, mas justanebte avaliados. Já demos a nossa avaliação à Ministra, mas dessa avaliação o Governo não faz caso. Porquê?
Penso também que a comunicação social deveria fazer o seu papel; por exemplo, a falta de condições de trabalho em muitas escolas são bem visíveis mas ninguém as vê a abrir noticiários nem em capas de jornais. Porquê? Ou será que eles, maior símbolo da liberdade de expressão em democracia deixaram de o ser?
Um abraço de Corroios para a Amora :)
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