Num dos últimos textos que publiquei ia falar de grandes obras de escritores portugueses que tenho (re)vivido mas comecei pel"Os Lusíadas" e não mais avancei. Deve-se, sem dúvida, à sua infinita grandiosidade! O que vou cá destacar é uma colecção de romances que uma conhecida cadeia de supermercados decidiu re(apresentar) a preços convidativos e com uma imagem renovada. Adorei viajar com Almeida Garret pelo Tejo e pelo vale até Santarém (apenas discordo dele num apontamento final em que se manifesta em absoluto contra os caminhos de ferro que estavam a surgir na altura e apela à construção de estradas de pedra para cavalos e diligências percorrerem o país; discordo porque o comboio é o meu meio de locomoção favorito; uma viagem de comboio produz sensações incríveis, olhamos pela janela e assistimos a um filme de imagens animadas e coloridas que a natureza nos oferece, mas não precisa de ser muito rápido - o TGV dispensa-se - pois a viagem impõe-se descontraída e saboreada; quando se dá conta já estamos no destino e, por isso, a viagem não deixou de ser rápida como sempre se pretende; mas também acredito piamente que se o grande escritor vivesse hoje dispensaria muito bem as estradas e iria apreciar uma viagem sobre carris...). Viajar de carro até pode ser prático, viajar de avião até pode ser rápido, viajar de barco até pode ser delicado, viajar de bicicleta até pode ser saudável, viajar a pé até pode ser sabedoria mas viajar de comboio é isso tudo e mais, é magia...
Mas retomando as grandes obras, foi óptimo deambular com Eurico (guerreiro visigodo de Alexandre Herculano que se converte em Presbítero ao ver-lhe negado o amor a Hermengarda) de Toletum (Toledo) até aos cerros escalvados do Calpe (Gibraltar) de onde se avistavam bem perto os cimos das torres de Septum (Ceuta); dos campos de guerra da região de Híspalis (Sevilha, na altura dos romanos também conhecida por Rómula) até ao refúgio (Covadonga) das Astúrias onde não aceitou resignar-se. E que dizer do tresloucado Amor de Perdição de Simão por Teresa de Camilo Castelo Branco que os leva de Viseu até ao enclausuramento no Porto? E as Pupilas do Senhor Reitor (Margarida e Clara) de Júlio Dinis com as suas vivências cruzadas com Daniel no Alto Minho. E, obviamente, não poderia faltar o amor incestuoso de Carlos e Eduarda em "Os Maias" de Eça de Queirós, obra em que o escritor não poupa a decadência moral de então da 'alta' sociedade da capital e não só. Resta dizer que muito do que estes homens nos legaram através dos seus livros mantém-se actual, para o bem e para o mal...
Agora que este vício me invadiu, estou já a preparar a minha próxima viagem no tempo que pode ir desde A Cidade e as Serras ao encontro com A Morgadinha dos Canaviais e aproximar-me da actualidade com Mau Tempo no Canal, A Selva, Aparição, Memorial do Convento, A Sibila e tantos mais...
Aproveito para deixar aqui uma mensagem pelo seu aniversário à maior gladiadora da vida que alguma vez conheci, a minha mãe. Parabéns e muitos anos para me continuar a aturar!
1 comentário:
Adorei os seus comentários sobre nós e os agradecimentos,mas nós também gostámos muito de estar com o Rui.Já estive a ler o bocadinho da sua história de vida,adorei e sou sincera,fiquei muito emocionada,a lágrima saltou.Obrigado por tudo, um beijo.
Enviar um comentário